sábado, 3 de fevereiro de 2024

"Humuvia"

 



parto à morte que me cerca

parto à morte 

que me cega

nestas águas transparentes



Quatro primeiros versos do poema com o qual colaboro em: "Humuvia" Antologia poética organizada por F. Domene, S. Aguaded e D. Pérez Venegas; Palabras Mayores – Editorial Alhulia, Granada, 2023 (p.35)


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

“O Fogo do Fogo No Fogo”

 







A Luísa Demétrio Raposo pelo seu livro  “O Fogo do Fogo  No Fogo”

 

erupções voluptuosas

que se tresmalham entre a suave

pétala

e a crueza carnal de lasciva súplica

incompreensão ?

serão palavras as culpas de um corpo

que se desnuda e a social ética

sobressai            gela entre olhares de dúvida

e a vermelhidão espásmica alterando o sangue

em desvario

comam e bebam sem descanso            lambam as carnes menos insanas


toquem todos os sinos

 

Inez Andrade Paes 


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Em baldio

 


em baldio se deita a terra de lavra inteira




Primeiro verso do poema com o qual colaboro em: "O Sangue dos Rios - Poetas celebram Fernando Namora" - Antologia poética organizada por Pedro Miguel Salvado, António Lourenço Marques e Carlos d'Abreu; Edição da Câmara Municipal do Fundão, 2019 (p.51)

Homenaje ibérico al escritor portugués Fernando Namora

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

ama

.

ama

alza lo sguardo all’orizzonte

lì al crepuscolo la morte lascia la pace

afferra il filo della coscienza

non lasciare che quel vestito si spiegazzi

per un peso che non è il tuo

solleva il velo che si è acceso

ci sono mani nel grembo di quell’orizzonte

e presto si diffonderà in una forte luce di fuoco


(inedito, 2021)


Incontro con la poesia di Inez Andrade Paes, traduzioni e critica poetica di Yuleisy Cruz Lezcano 


sexta-feira, 24 de novembro de 2023

os dias partem palavras


















os dias partem palavras

construindo

em nós

silêncios


Inez Andrade Paes in Todos os dias 2005

Foto: CBlomberg

quarta-feira, 1 de novembro de 2023


Iolanda Aldrei, lê o poema "todos vão de férias" do livro 
"Sobre a Água Dentro Dela Anda uma Ponte" (p.21) Glaciar, 2018

sexta-feira, 6 de outubro de 2023

SILÊNCIO

 








pelo silêncio a tua palavra escuto 

Inez Andrade Paes in "Todos os dias" 

terça-feira, 5 de setembro de 2023

in É o teu rosto fecundo entre bivalvesRevista Caliban, 2017 

Leitura do livro "Serão os Cisnes que Voltam?" de Alfonso Pexegueiro

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

CANGAS e JUGOS









No amanhecer, não são só os pássaros que chegam para cantar, o som recortado pelo traço do paralelo em que assenta a curva da roda do carro de bois, também adianta o dia.

Vacas e bois são quem puxa. O cheiro característico que os segue é fardo que nos guia até eles. Umas vezes cheios, outras vazios, os carros aumentam o som no espaço.

No corpo limpo ou marcado, pelas crostas de bosta seca, o pêlo avermelhado ou malhado a branco e preto, tão daqui, deste lugar onde a Ria entrecorta o chão e avança lentamente com seus braços de água. 

Em junta seguem os animais sob o jugo de madeira lavrada que assenta nos robustos pescoços ligados por brochas e figuras geométricas, a talha já tão macerada por anos de trabalho. 


dois bois de olhos grandes

um homem calçado de socas e uma longa vara

o ritmo de todos

faz a música do dia

as patas dos animais pousando conforme a carga 


o toque da vara no lombo dos bois

as socas a bater no granito os olhos dos três 

encerram 

um pensamento vagaroso e belo


anunciam

mais um dia de trabalho


Inez Andrade Paes

sexta-feira, 2 de junho de 2023





                    "em  memória de tudo em que estás viva"


2 de Junho de 2023 

terça-feira, 23 de maio de 2023

 

Cuidado!

Muito cuidado com a Língua!


túmida

é a boca

de memória curta

 

Inez Andrade Paes

quinta-feira, 6 de abril de 2023








hirundo rustica

 

do seu azul profundo

a travessia do mar


Inez Andrade Paes in todos os dias

hirundo rustica acrílico s/papel colecção particular

terça-feira, 21 de março de 2023

Leio o que me pertence

 

leio o que me pertence

e de mim

transparente

 água

 

Inez Andrade Paes in Todos os Dias 

quarta-feira, 8 de março de 2023

UMA MULHER CEGA PEGA NA MINHA MÃO

 

uma mulher cega pega na minha mão

e todas as pontas

dos seus quatro dedos da mão direita

percorrem as linhas da minha

como sílex que corta um caminho no chão

 

calada oiço a sua respiração

vejo os seus olhos parados

por cima do interior das pálpebras

como se a leitura lhe indicasse

todo o meu passado

 

respira fundo

fecha-me a mão e sorri

fechando em si a sua mão e dentro dela

toda a poeira inscrita

nas palavras que me deixam transparecer

todo o amor


Inez Andrade Paes 

(Todos os Dias 25 de Agosto de 2019) 

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

domingo, 11 de dezembro de 2022

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Ho bisogno del silenzio del mattino
silenzio del mattino    lavato dalla bruma della notte
che ha pianto pene di poeti destati.

Ho bisogno del silenzio più stanco della notte
dove le migliori allegrie delle immagini sorgono nella scrittura
per aiutare quel che il pensiero risuona  e si unisce alla bruma e lava e ci trasforma.

Amo la vita nell'inquietudine di me
quando mi preparo ad uscire da quel che è logico.

(In: Da Estrada Vermelha)
(Trad. A. Fresu)

..
Preciso do silêncio da manhã
silêncio cristalino               lavado pela cacimba da noite
que chorou mágoas de poetas acordados.

Preciso do silêncio mais cansado da noite
onde as maiores alegrias das imagens na escrita surgem
para ajudar o que ressoa o pensamento e se junta à cacimba e lava                                                     
lava e nos transforma. 

Gosto da vida na inquietude de mim
quando me preparo para sair do que é lógico.

Inez Andrade Paes in Da Estrada Vermelha (p.5) edição da autora